terça-feira, 3 de abril de 2012

Operação Narke prende 7 envolvidos em comércio ilegal de botox

A Operação Narke, deflagrada nesta terça-feira (3) pela Polícia Federal e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão temporária e cinco conduções coercitivas em oito estados do Brasil. Três pessoas foram presas em flagrante em Minas Gerais, Paraíba e Pernambuco. A investigação realizada pela PF em Pernambuco busca apurar denúncias de comercialização clandestina de toxina botulínica, o conhecido “botox”, usada para tratamentos estéticos e de saúde.
As investigações começaram há nove meses e apontaram a venda ilegal, principalmente, em estados do Nordeste, como Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Os mandados judiciais foram contra distribuidores, profissionais de saúde e clínicas em João Pessoa (PB), Recife (PE), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Caruaru (PE), Patos (PB), Natal (RN), Teresina (PI), Aracaju (SE) e Maceió (AL).

No Recife, um revendedor de produtos falsificados foi preso em flagrante. O material foi encontrado em um depósito no bairro de Campo Grande, na Zona Norte. Depois de prestar depoimento, ele será encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima. "O próximo passo é ouvir profissionais de saúde, entre médicos e esteticistas, que faziam uso desses produtos ilícitos. Queremos saber se eles sabiam que eram falsos. O mais provável é que sim, já que eles compravam com preços muito abaixo do valor de mercado e os pacientes pagavam pelo produto original. Então, acreditamos que eles faziam isso visando lucro", explicou o coordenador da operação, o delegado Humberto Freire.

A toxina botulínica ilegal, de acordo com a PF, é vendida a preços entre R$ 350 e 400 a unidade; enquanto a substância autorizada pela Anvisa pode custar até R$ 1 mil. O balanço dos produtos apreendidos ainda não foi divulgado. O delegado informou que a perícia no material revelou que os frascos não tinham qualquer identificação e muitos também não continham a substância na fórmula.
As investigações indicaram que as toxinas estão em circulação no mercado há pelo menos cinco anos. "A origem dos produtos ainda será investigada. Os revendendores recebiam os produtos, na maioria das vezes, via postal e repassavam diretamente para médicos e esteticistas", informou o superintendente da PF em Pernambuco, Marlon Jefferson de Almeida.

Sessenta e seis profissionais de saúde já foram intimados a depor. Pacientes vítimas do uso indiscriminado da substância também serão ouvidos. Os envolvidos podem responder por crimes contra a saúde pública, contrabando e formação de quadrilha. Os acusados podem pegar pena de dez a 15 anos. A operação contou com cerca de 80 policias em todo o Brasil. O inquérito deve ser concluído em 30 dias.

Dica

Nos exames, os peritos notaram diferenças nas fórmulas entre as toxinas ilegais e as legais. Ao todo, cinco produtos têm autorização da Anvisa para serem comercializados: Dysport, Botox, Prosigne, Botulift e Xeomin. O gerente geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Jaime Brito, recomenda que os pacientes verifiquem a procedência da substância antes de se submeter ao procedimento. "[A substância] Pode não fazer efeito nenhum, mas pode ter reações adversas e danos irreversíveis, como problemas na pele. A pessoa vai ficar marcada para o resto da vida", disse. Os consumidores podem buscar referências no site da Anvisa e, em Pernambuco, ligar para o telefone da Apevisa: (81) 3181.6424.

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