quinta-feira, 12 de abril de 2012

Exclusivo: candidato de concurso da Guarda Municipal revela “festival” de irregularidades

O concurso para preenchimento de vagas na Guarda Municipal de João Pessoa foi cancelado devido às suspeitas de fraude. O resultado apontou 35 pessoas, sendo 34 homens e uma mulher, dividindo o primeiro lugar, sem que estas tivessem fechado o gabarito. Foi constatado que essas provas estavam perfeitamente iguais, com os mesmos acertos e os mesmos erros, situação estatisticamente improvável.


Nesta quinta-feira, os concurseiros que realizaram a prova, receberam a notícia do cancelamento com pouca surpresa, e afirmam que a ação é um verdadeiro "atestado" da irregularidade. De acordo com eles, a fraude era mais que evidente desde o dia da aplicação da prova.

O concurseiro Igor Graziany, de 29 anos, se prepara para o concurso desde os 26. Ele foi um dos primeiros a denunciar o processo para a Guarda Municipal, e contou com exclusividade ao ClickPB, o que viu no dia da aplicação da prova. "Não foi uma ou duas situações estranhas, foram diversas, a começar pela permissão do celular dentro de sala. A própria fiscal permitiu que as pessoas que portassem o eletrônico, continuassem em sala. As palavras dela foram: 'Quem estiver com o celular, pode permanecer em sala, desde que o aparelho não emita nenhum som".

Segundo denunciou Igor, a fiscal alertou apenas que o candidato só seria desclassificado se o aparelho eletrônico "tocasse". Ele ficou surpreso com a atitude da fiscal e disse que esse tipo de declaração permitiria facilmente que alguém, portando o aparelho, conseguisse receber qualquer tipo de "cola", assim como distribuir, já que os aparelhos não foram reservados em um local visível. "Foi um absurdo. Inclusive, questionei a fiscal sobre isso. Eu fiz minha prova sem olhar para os lados, mas na minha mente, sabia que diversas pessoas poderiam estar cometendo a "cola"".

Mais irregularidades

Além do celular em sala, foram observados o uso de artigos que estavam banidos no edital. Pessoas usavam bonés, relógios e outros aparelhos eletrônicos. Igor disse que todos os que presenciou portando os itens, tiveram acesso ao local, sem qualquer tipo de impedimento.

Outra irregularidade atestada pelo candidato, e que levantou suspeitas entre os concurseiros, foi a saída de pessoas antes do tempo previsto no edital. "Na sala de um amigo, teve gente que saiu com apenas 20 minutos de aplicação de prova. O tempo mínimo era de 1h. Como permitiram a saída antes? Isso foi muito estranho", destacou.

O estranhamento dos concurseiros não parou por aí. No dia em que foi divulgado o resultado, além do susto dos 35 primeiros colocados, candidatos como Igor resolveram ir às redes sociais para buscar conhecer os sortudos.

"Quando realizamos as buscas, outra coincidência no mínimo estranha, aconteceu. A maioria esmagadora desses 35 primeiros, era natural de Recife. Alguns tinham relação com a Aeronáltica. Encontramos muitos na comunidade do Orkut, e acabamos interrogando algumas pessoas sobre o concurso, e logo em seguida, elas foram excluindo seus perfis, como que para se esconder", concluiu. Das 35 pessoas que dividiram a primeira colocação, 32 eram pernambucanos.

Candidatos Indignados

Os candidatos que realizaram a prova, já entraram com processo. Um grupo irá levar o caso ao Ministério Público. Para Igor, o que mais decepciona na situação, são o número de provas de irregularidades, e a própria contradição do objetivo do concurso, que é abrir vagas para policiais que estariam trabalhando com a segurança e integridade de toda a população. "Uma das matérias tratava questões sobre Ética. O mais absurdo é que as pessoas estão realizando atitudes criminosas para ingressar na polícia, que é contratada para defender a população. Seriam verdadeiros criminosos que estariam entrando para o corpo policial. O que esperar de uma pessoa que já foi corrupta no ato do concurso?"

Outros casos de candidatos que chegaram a empatar no resultado final aconteceram, mas, o empate ocorreu na contagem dos pontos, e não apresentaram gabaritos idênticos. Em uma amostragem em que 90 pessoas empataram, apenas 5 tinham gabaritos semelhantes.

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