domingo, 8 de julho de 2012

Roberto Cavalcanti: Turmalina da Paraíba

Apontada como uma das descobertas mais impressionantes da mineração de gemas, a turmalina azul tem uma coloração tão excepcional que logo despontou, no mercado internacional, como uma das mais preciosas e disputadas pedras do mundo.

Dependendo do quilograma e pureza, o cristal chega a valer mais que o diamante.
E essa gema, cuja coloração só é semelhante a cores vistas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e nas penas de pavão, só existe na Paraíba.
Mais precisamente na pequena cidade de São José da Batalha.

E é de lá, da Mina da Batalha, que o mundo vem sendo apresentado à Turmalina da Paraíba.
Apesar de ostentar paraibanidade até no nome, o Estado – e os paraibanos – pouco têm sido beneficiados com a turmalina.

Parcela significativa de sua produção é contrabandeada e saí de nosso território sem gerar a renda, o emprego e toda a cadeia de benefícios preciosos que a gema poderia proporcionar.
Como é possível que em pleno século 21 a Paraíba passe por espoliação análoga ao que o País sofreu em seu descobrimento em relação ao ouro e ao Pau Brasil?

Não tenham dúvida: trata-se de uma guerra, onde se mata e morre para impedir a divisão dos lucros gerados pelo tesouro azul.

E onde a força política atua, criando as condições de manutenção do contrabando – mesmo em prejuízo de todo o Estado.

Só isso explica a liberdade com que os contrabandistas criam (com sucesso) suas rotas de fuga.

Enquanto nos aeroportos a Receita Federal e a Polícia Federal revistam até as bolsas das madames que aterrissam no País, na Paraíba não existe controle, não há fiscalização, falta qualquer estratégia eficiente que evite a saída irregular da turmalina.

Queremos o mesmo rigor em relação ao cristal paraibano.

Pois não se tem registro de uma única apreensão. Ou de uma ação para investigar porque um mercado tão promissor não dá o ar da graça no Produto Interno Bruto (PIB) da Paraíba.
A verdade é que, quanto mais a turmalina conquista o mundo, mais o Estado é esvaziado de seu tesouro.

Dos dividendos de sua extração, não temos visto nem o azul.


do portalcorreio

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