segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

VEJA: Governo da Paraíba compra equipamentos de última geração, mas não utiliza por falta de treinamento

Com o título 'Dinheiro, sangue e caos' - a Revista VEJA - voltou a citar o caos administrativo no Governo da Paraíba. Desta vez o foco é a insegurança que cresce de maneira galopante no Nordeste. A publicação aborda a greve dos policiais do Ceará, mas cita a Paraíba como exemplo da fragilidade da política de segurança pública.

Nesse sentindo, a Revista revela que a Paraíba é um dos Estados que paga os piores salários do Brasil aos seus policiais.

VEJA denuncia ainda que o Governo da Paraíba adquiriu equipamentos de análise pericial de última geração, mas não consegue usá-los, já que não há policiais com treinamento adequado para operá-los.

Em 2011, outros quatro estados nordestinos - Alagoas, Maranhão, Paraíba e Piauí - padeceram com greves de policiais. Em comum, todos eles compartilham o fato de ser mal pagos, mal treinados e mal equipados. A bandidagem tem tirado o máximo proveito da situação. Na última década, o número de homicídios dobrou na região.

Atualmente, um em cada três assassinatos cometidos no Brasil é registrado entre os nordestinos. Quando comparadas as taxas de homicídio, o Nordeste só perde para a Região Norte, onde em 2010 a taxa chegou a 37,4 assassinatos para cada 100000 habitantes. Das cinquenta cidades onde mais se mata, 37 ficam no Norte ou no Nordeste.

Na Paraíba, o governo adquiriu equipamentos de análise pericial de última geração, mas não consegue usá-los, já que não há policiais com treinamento adequado para operá-los. "Grande parte dos administradores estaduais dessas regiões teve gestões desastrosas em relação à segurança", diz o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública. Para o especialista, isso produz reflexos não apenas entre criminosos. "Quando o cidadão percebe que a impunidade reina, os conflitos resolvidos a bala tendem a aumentar drasticamente".

Enquanto as políticas públicas fracassam, certas atividades privadas prosperam. O empresário Antonio Ricardo de Souza, por exemplo, dono de uma empresa de segurança, garante 70% de seu faturamento com fornecimento de cães de guarda para condomínios, lojas, empresas e até uma funerária de Fortaleza. Por um guarda acompanhado de um animal treinado, Souza cobra 4700 reais por mês. Seu negócio cresce a taxas anuais de 11%. "Os cães têm ganhado do mercado de seguranças armados por causa do medo que as pessoas têm de tiroteios", diz.

O Nordeste apresentou o maior aumento do produto interno bruto entre as regiões brasileiras na última década e exibiu os melhores indicadores de redução da pobreza. Mas a explosão da criminalidade na região mostra que ele não se preparou para enfrentar esse crescimento.

Com reportagem de Júlia de Medeiros

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