segunda-feira, 4 de junho de 2012

Família vive em carro após ser despejada de casa da Cehap

Uma família vivendo em um automóvel parece mesmo um enredo para cinema. Mas a cena é real e está mais para um pesadelo que não tem fim para dona Severina Araújo dos Santos. A idosa de 60 anos, que também é diabética e esquizofrênica, foi despejada de uma casa da Cehap, juntamente com sua sobrinha Maria de Lourdes e o esposo Ivan. Desde a última sexta-feira,1º, a família está sem ter onde morar, já que os três moradores perderam a casa em que residiam desde outubro de 2008. Ivan e a esposa Maria de Lourdes Silva afirmaram que estavam inscritos no programa há anos, e alegaram que uma das casas ofertadas - que havia sido entregue ao homem que procurou mover a ação de reintegração de posse - foi abandonada desde os primeiros dias da entrega, que foi realizada durante o governo Cássio Cunha Lima. "Ele tentou comercializar a casa. Disseram que queria vender por R$3mil. Como passaram 18 dias e ele não entrou na casa, decidimos lavá-la e morar lá", completa Ivan. A família ocupou a casa, e segundo informaram, foram orientados por servidores da Cehap a se manterem na residência. Só depois de dois meses, o primeiro proprietário apareceu para reivindicar a moradia. "Ele procurou a casa depois de dois meses. Reivindicou na Ceap, e por lá eles perguntaram se ele tinha esposa ou família. Ele respondeu que não, e o pessoal da Ceap decidiu que nós continuaríamos, e que ele não tinha mais direito já que tinha abandonado o imóvel". A família viveu por quase quatro anos na localidade. Conseguiram uma documentação provisória depois da visita da assistência social do órgão e revelaram que chegaram a pedir empréstimo para murar e colocar um portão na propriedade. Os registros de contas de água e luz foram guardados e estão no nome da sobrinha da idosa. O despejo Na tarde da última sexta-feira, 1º, um advogado da Ceap esteve no local para cumprir a liminar de reintegração de posse. Os moradores disseram que foram pegos de surpresa, e que um caminhão da Cehap esteve na propriedade para recolher os móveis e demais pertences. "Não tinhamos para onde levar, nos expulsaram de casa com escolta. Levaram nossas coisas para o galpão e nem permitiram nossa entrada. Depois, um homem trouxe uma lista dizendo que nossas coisas estavam em péssimo estado de conservação e que nossos eletrônicos estavam quebrados. Mas tudo estava em ordem até o despejo", revelou Maria de Lourdes. A mulher apontou ainda que a família só conseguiu levar algumas peças de roupa e duas televisões. "Nós falamos da condição da saúde da minha tia, mas eles disseram que estavam cumprindo ordens e que não podiam fazer nada. Nos deram oito dias para sairmos e chegaram na tarde de uma sexta-feira, quando não se pode mais recorrer nos órgãos públicos. Não tínhamos onde deixar nossas coisas. Até mesmo a medicação da minha tia ficou por lá", relatou Maria. Recurso Joeudes Paiva, que realiza a defesa da família, disse que irá entrar com um recurso para cassar a liminar expedida. Segundo explicou o jurista, a moradia do projeto habitacional é entregue em termos de concessão. Pela lei não é vetado o comércio ou aluguel do bem. E se a casa foi abandonada, em um período de 72 horas, já é permitida a entrada de outra família necessitada.

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