quarta-feira, 27 de junho de 2012

Agricultores da PB protestam por falta de benefício de programa social

Sem receber o pagamento pela produção do leite há 60 dias, cerca de 200 agricultores realizaram um protesto em frente a Delegacia Federal da Agricultura, em Cabedelo - região metropolitana de João Pessoa, na manhã de desta quarta-feira (27). Os fornecedores do programa estadual do leite pedem o pagamento dos litros que foram produzidos e vendidos ao governo da Paraíba, bem como a reformulação do programa do leite, com o fim do limite de litros pro produtor.
O agricultor João Bosco, produtor da cidade de Taperoá, na região da Borborema, explicou que não existe mais possibilidade de continuar produzindo para o programa diante da situação que estamos. “Não podemos mais continuar com o limite de 19 litros de leite de cabra e 17 litros de vaca, é um limitação que prejudica. Além disso precisamos receber para continuar produzindo. Como vamos alimentar nossas cabras e vacas sem o pagamento do programa do leite? Merecemos pelo menos um pouco de dignidade”, explicou o agricultor.


Ainda segundo os agricultores, o governo compra o litro do leite por um valor abaixo do mercado. Conforme João Bosco, o programa do leite, de responsabilidade da Fundação de Ação Comunitária (FAC), compra o leite dos produtores ao preço de R$0,92 quando no livre mercado o mesmo litro é comercializado em média a R$ 1,50. “Queremos uma conversa com o governo, uma posição, uma garantia de que o nosso dinheiro será pago. Estamos apenas em cerca de 400 agricultores nesse protesto, mas representamos um grupo de 4.000 produtores que abastecem mais de 1.200 família em toda Paraíba”, comentou João Bosco.

O G1 tentou entrar em contato com a direção do FAC, mas até as 12h ainda não recebeu resposta sobre o caso. Em maio, após uma série de investigações, a Polícia Federal (PF) encontrou irregularidades envolvendo empresas e produtores cadastrados no Programa do Leite da Paraíba. Conforme a PF, empresas estavam “fabricando” produtores, cadastrando pessoas que não eram agricultores, para que fossem vendidos mais litros de leite sem que se extrapolassem o limite de produção estabelecido pela FAC.

O diretor da FAC, Ramalho Leite, afirmou durante as investigações da PF que uma ordem da 3ª Vara da Justiça Federal determinava a suspensão do pagamento aos produtores até que fossem concluídas as investigações. Há época Ramalho Leite explicou que a suspensão do benefício financeiro dos fornecedores comprometeria o futuro do programa na Paraíba. “Inicialmente essa suspensão do programa será aceitável, mas se perdurar por muito mais tempo vai prejudicar diretamente as milhares de pessoas que recebem diariamente o leite entregue pelo Programa do Leite na Paraíba. Deve-se punir os irregulares, mas sem prejudicar a população. É preciso haver bom senso neste momento”, decretou.

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