terça-feira, 6 de novembro de 2012

Governos federal e de SP anunciam ação integrada contra violência



O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciaram na tarde desta terça-feira (6) uma ação integrada de combate à violência no estado. Eles se reuniram no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para discutir parcerias para conter a onda de violência.

Alckmin ressaltou que na reunião houve a definição de seis pontos específicos de parcerias. Um dos destaques será a criação de uma agência de ação integrada, cuja primeira reunião deve ocorrer na próxima segunda-feira (12).

Segundo o ministro, um dos primeiros objetivos do grupo é "desenhar o plano de contenção" contra a violência que será apresentado na próxima segunda-feira. "Para operação imediata”, afirmou Cardozo.

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Alckmin ressaltou que as ações definidas já serão colocadas em prática e divulgadas progressivamente. "A parceria é ilimitada, mas fruto dessa reunião de trabalho foram os seis itens aqui elencados", comentou o governador.

Entre os seis itens apontados como resultados da reunião, Alckmin listou a criação de uma agência de atuação integrada, ações relacionadas ao sistema prisional (que inclui transferência de presos), ações de contenção nos acessos ao estado, combate ao tráfico, a possibilidade de criar um centro pericial e a criação de um centro de comando de controle integrado.

"Quero destacar que foi uma reunião proveitosa, bastante objetiva, já com metas e datas para a gente poder avançar nesse trabalho", disse Alckmin ao fim do encontro.

Agência integrada
De acordo com governador e ministro, a futura agência de atuação integrada vai unir as inteligências dos governos estadual e federal. “Relatórios de inteligência vão nos permitir fazer o asfixiamento financeiro das organizações criminosas que atuam no estado. Juntos, governos federal e estadual são muito mais fortes que o crime organizado”, disse o ministro.

De acordo com Cardozo, as polícias e os órgãos fiscais devem respeitar suas áreas de atuação e contribuir para o cerco às organizações criminosas. "É sabido que o asfixiamento financeiro é algo fundamental para se enfrentar, para se enfraquecer organizações criminosas e por isso tanto a Receita Federal quanto a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo estarão, juntas, atuando conosco nessa agência, que contará com as forças federais e com as forças estaduais”, disse.

Transferência de presos
O ministro disse que foi acertada a transferência de presos, mas que não serão informados os nomes e as datas, por questão de segurança. "Dado de segurança pública não se comenta”, justificou. “É muito importante que fique claro: que aqueles que cometeram delitos nesse período já serão transferidos e aí vão se avaliar outros presos”, disse Cardozo.

O governador adiantou que detentos envolvidos na morte de policiais e de agentes penitenciários serão prioridade nessas transferências. Entre a noite de segunda-feira (5) e a madrugada de terça (6), oito pessoas foram mortas em São Paulo. Desde o início do ano, 90 policiais foram assassinados.

Controle de acessos
Segundo o ministro, a parceria entre os governos também tem como objetivo atuará nos acessos ao estado, tanto por terra quanto pelos portos e pelos aeroportos. Ele afirmou que policiais rodoviários federais e estaduais atuarão em conjunto principalmente nas estradas próximas das divisas.


Relatórios de inteligência vão nos permitir fazer o asfixiamento financeiro das organizações criminosas que atuam no estado. Juntos, governos federal e estadual são muito mais fortes que o crime organizado"


Perícia
Cardozo prevê ainda que as técnicas de perícia também sejam fortalecidas. Segundo o ministro, a tecnologia será fundamental no combate ao narcotráfico, principalmente para a descoberta da origem da droga.

“Estabelecemos ainda protocolos na área de perícia. Temos que fortalecer a perícia e São Paulo tem uma perícia de excelência, mas nós podemos ampliar sua atuação”, afirmou o ministro.

Alckmin avalia que incrementos no setor pericial podem ser elaborados em uma nova estrutura e beneficiar demais unidades da federação. "Nós podemos ter até um centro pericial para servir a outros estados, com bastante especialidade", disse o governador.

Polêmica
A reunião na capital paulista ocorre após a presidente Dilma Rousseff e Alckmin encerrarem, na quinta-feira (1°), a polêmica entre Cardozo e Ferreira Pinto. O ministro e o secretário divergiram sobre a oferta de ajuda. Cardozo afirma ter oferecido, desde julho, inteligência e transferência de presos. O secretário afirma não ter recebido proposta e diz que teve negado pedido de recursos na ordem de R$ 149 milhões para equipamentos.

Ao todo, 29 pessoas participaram da reunião, que começou por volta das 14h. Entre os representantes do governo federal estão, além do ministro, a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o diretor do departamento penitenciário nacional, Augusto Eduardo de Souza Rossini.

Pelo governo do estado, além de Alckmin e de Ferreira Pinto, participam o secretário de estado chefe da Casa Civil, Sidney Beraldo, o diretor da secretaria de Administração Penitenciária, Lourival Gomes, o comandante da Polícia Militar de São Paulo, Roberval França, e o delegado geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro.

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