sábado, 31 de março de 2012

Após assistentes sociais, fisioterapeutas denunciam assédio moral no Hospital de Trauma de JP

Após o Ministério Público do Trabalho atestar "as péssimas condições de trabalho que têm afetado a saúde física e mental dos assistentes sociais" que prestam serviço no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, os fisioterapeutas que trabalham no local emitiram uma nota onde descrevem as péssimas condições de trabalho a que são submetidos.

Em nota, os profissionais denunciam que são ameaçados de demissão, caso não cumpram as determinações 'abusivas' impostas pela Cruz Vermelha, que gerencia o Hospital.

Confira a nota na íntegra:

Os fisioterapeutas, atualmente em exercício no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, vinhemos corroborar a denúncia de assédio moral realizada pelos assistentes sociais, como eles, nós fisioterapeutas e outros colegas de trabalho como psicólogos e nutricionistas sofremos o mesmo, amplamente praticado por parte da diretora de ações estratégicas, Dr. Rosângela Guimarães de Oliveira. que afirma agir com o conhecimento e aval do diretor geral Dr. Ginaldo Lago.

Tal assédio atinge os profissionais coletivamente, sendo eles efetivos, concursados ou contratados nos termos da CLT, por meio da Cruz Vermelha Brasileira que atualmente administra o hospital, sendo que estes recebem ameaças veementes de demissão, caso não cumpram as determinações, muitas vezes abusivas e os demais são perseguidos e sofrem ameaças de devolução à Secretaria de Saúde do Estado.

Por esse motivo, um número expressivo de profissionais tem necessitado de licenças médicas, por patologias relacionadas ao stress ocupacional, licenças sem vencimento e transferências para outras instituições, em sua grande maioria, indeferidas, pela referida diretora que afirma agir com o conhecimento e aval do diretor geral Dr. Ginaldo Lago. Não obtendo uma resolução satisfatória de seus conflitos, alguns realizaram denúncias nos conselhos de classe, sindicato e representações no Ministério Público do Trabalho.

O clima de trabalho é extremamente tenso, a comunicação entre a referida diretora e os funcionários é bastante falha e quando se estabelece frequentemente é feita de forma vertical, autoritária, arrogante e até mesmo irônica e humilhante. Fato este por vezes referido pela mesma e pelo diretor geral como uma característica pessoal apenas, atenuadamente definida como "intempestiva", mas na realidade trata-se de uma postura completamente inadequada e incompatível com o cargo exercido, expondo os profissionais a situações vexatórias e a uma série de constrangimentos.

Situação essa vivenciada em diversos e repetidos episódios em conversas com e entre os profissionais, por meio de comentários inapropriados, em reuniões, nas quais fica evidente a falta de ética e o abuso de poder, demonstrando despreparo e por vezes desconhecimento ao lidar com questões profissionais e pertinentes as relações de trabaho, convocações sem a devida antecedência via e-mail, contendo ameaça de advertência em caso de não comparecimento, ressaltando que há muitos profissionais que residem e realizam suas atividades laborais e acadêmicas em outros estados. Advertências excessivas e arbitrárias, sem a realização do procedimento correto tem sido praticadas.

Ocorrem problemas referentes a escalas de trabalho, por vezes sobrecarregando os profissionais, sofrendo alterações por justificativas ilegítimas, privilegiando certos profissionais e punindo outros, por motivos pessoais ou irrelevantes.

Outro ponto consiste na transferência de profissionais entre setores sem a utilização de critérios adequados, afetando a continuidade do atendimento, a motivação e o desempenho do profissional, retirando profissionais com qualidade técnica e boa interação nos setores, realizando as substituições, geralmente sem oferecer o treinamento necessário, desestabilizando emocionalmente ambos.

Essa postura equivocada adotada por alguns gestores como a diretora em questão, desvirtua o serviço público, claramente ressaltando o desrespeito a coisa pública e promovendo a desvalorização do profissional, cerceando seu direito ao livre exercício do trabalho, ferindo sua dignidade como pessoa e afetando sua saúde mental e física, estendendo o prejuízo aos que necessitam dos seus cuidados.

Ficando evidente assim o caráter político das decisões, promovendo uma total inversão de valores, manipulando e interferindo negativamente no funcionamento de instituições de fundamental importância para a população como um hospital desse porte, que lamentavelmente vem sendo utilizado como instrumento para privilegiar interesses pessoais em detrimento dos direitos individuais e coletivos do trabalhador e da qualidade da assistência a saúde.

Ressaltamos, por fim, que essa não é uma ação isolada, nem de um pequeno grupo, que supostamente pretenderia prejudicar tal instituição, pessoa ou grupo político.

Dessa forma, registramos aqui a indignação de muitos, que como trabalhadores tem seus direitos violados e por receio de represália não se manifestam. O sentimento coletivo não é de satisfação como tentam dissimuladamente veicular, mas de inquietação que desperta o nosso senso de justiça e desejo de mudança desse estado de coisas. Urge providências.

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